Como tecnologias intelectuais, também denominadas de tecnologias da inteligência ou simbólicas, destacam-se, inicialmente, a linguagem e a escrita, acrescentando-se hoje novas formas de representar o conhecimento, como os hipertextos, possíveis através da informática.
Lévy (1996, p. 38) afirma que “uma tecnologia intelectual, quase sempre exterioriza, objetiva, virtualiza uma função cognitiva, uma atividade mental”. Ou seja: ao falar, o homem exterioriza seu pensamento; ao escrever, exterioriza sua memória; ao tecer um hipertexto – texto construído em rede, com ligações entre diversas informações -, exterioriza as relações que estabelece entre as informações que apresenta.
Com o desenvolvimento da linguagem, o homem passou a compartilhar informações, atualizando-as e passando-os de geração para geração, de maneira contextualizada ou na forma de mitos.
Com a escrita, surge uma outra maneira de se comunicar, de compartilhar informações, em que os emissores das mensagens e seus receptores podem estar distantes no tempo e no espaço e, portanto, recebê-las fora do contexto em que foram concebidas, com todos os mal-entendidos que podem decorrer disso. Assim, ao escrever, tornou-se necessário pensar sistemas que possam ser compreendidos independentemente do tempo e do espaço, como os registros científicos. Por outro lado, acentou-se a necessidade de desenvolver uma boa interpretação a partir da leitura dos materiais produzidos.
Atualmente, com os hipertextos, reinventa-se a maneira de escrever, interligando informações em teia, de forma não-linear, em um processo mais próximo à forma como as pessoas pensam, em que “uma idéia puxa outra”. O hipertexto permite visualizar, na tela do computador, o que há muito a mente humana faz... Aproveitando um trecho da música de Lupicínio Rodrigues: ”o pensamento parece uma coisa à toa/mas como é que a gente voa quando começa a pensar”. Ao interagir com um hipertexto “voa-se”, “navega-se” entre informações.
Em um hipertexto, dois conceitos são importantes: nodo e ligação. Os nodos podem conter, por exemplo, trechos ou textos completos, imagens estáticas ou animações, sons ou filmes. E cada nodo pode conter ligações que levam a outros nodos.
Cada escritor pode construir o seu hipertexto, incluindo ligações para hipertextos externos ao seu, disponíveis na internet. Cada leitor pode optar, em sua leitura, por quais ligações selecionar. Um hipertexto, portanto, “é uma matriz de textos potenciais, sendo que alguns deles vão se realizar sob o efeito da interação com o usuário” (LÉVY, 1996, p.40). Ao contrário do texto manuscrito ou impresso, que vem pronto, o hipertexto em meio digital é construído na interação com o leitor, através das suas seleções e, portanto, “toda leitura em computador é uma edição, uma montagem singular” (LÉVY, 1996, p.41).
A intenção aqui é abrir uma janela para o mundo atual, articulando o uso de várias tecnologias, tanto instrumentais quanto intelectuais quanto intelectuais, no contexto educacional.
As tecnologias em geral, das mais simples às sofisticadas, ampliam o potencial humano, seja físico ou intelectual. As tecnologias empregadas com fim educacional colaboram nesse sentido, ampliando as possibilidades do professor ensinar e do aluno aprender. Da lousa e giz aos computadores ligados à internet, muitas são as tecnologias que, utilizadas adequadamente, podem auxiliar no processo educacional.
· Livros didáticos permitem garantir a todos o acesso a um conjunto mínimo de informações;
· Assinaturas de jornais e revistas oferecem noticias atualizadas;
· Um vasto acervo na biblioteca, potencialmente, amplia e aprofunda a pesquisa;
· Bons laboratórios de ciências podem levar a criar/recriar experiências científicas;
· Recursos audiovisuais aproximam os alunos de realidades distantes;
· Computadores oferecem uma infinidade de possibilidades de acesso à informação, à comunicação, à simulação...
Todos reconhecem o papel fundamental das instituições escolares no desenvolvimento intelectual, social e afetivo do indivíduo. Assim, em uma sociedade de bases tecnológicas, com mudanças contínuas e em ritmo acelerado, não é mais possível ignorar as alterações que as tecnologias – principalmente as tecnologias da informação e da comunicação (TIC) – provocam na forma como as pessoas vêem e apreendem o mundo, nem desprezar o potencial pedagógico que tais tecnologias apresentam quando incorporadas à educação.
As transformações necessárias para qualificar a educação são complexas, abrangendo a reestruturação dos currículos, a formação adequada de professores e a inserção das diversas tecnologias de informação e de comunicação – desde bons materiais impressos, televisão e vídeo até computadores conectados à internet.
Lévy (1993, p.8) afirma que a escola “há cinco mil anos se baseia no falar/ditar do mestre, na escrita do aluno e, há quatro séculos, em um uso moderado da impressão”. Dessa forma, diz que (p. 8/9) “uma verdadeira integração da informática (como do audiovisual) supõe, portanto, o abandono de um hábito antropológico mais do que milenar, o que não pode ser feito em, alguns anos”.
Cabe à escola incorporar em seu trabalho, apoiado na oralidade e na escrita, outras formas de aprender (apoiadas na visão, na audição, na simulação, na criação) possíveis com uma tecnologia cada vez mais avançada. Mais do que resistir, é preciso desvendá-la e, conscientemente, fazer uso dela.
Diversas áreas se beneficiam do desenvolvimento tecnológico. E a educação deve utilizá-lo também nesse sentido: trazer ganhos pedagógicos. Segundo Sancho (1998, p. 40), os professores costumam utilizar tecnologia dominam e deixar de lado as “produzidas e utilizadas na contemporaneidade, dificultando aos seus alunos a compreensão da cultura do seu tempo e o desenvolvimento do juízo crítico sobre elas”. Para superar essa questão, é preciso investir em recursos e na capacitação docente, buscando conhecer e discutir formas de utilização de tecnologias no campo educacional, com o propósito de atualizar e qualificar os processos educativos.
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