1- INTRODUÇAO
A imagem é um elemento recorrente na Geografia. Ela não é exatamente a realidade do espaço, é apenas uma manifestação deste, uma representação efêmera e aberta. Sua complexidade nos obriga a tecer cruzamentos com outras áreas do conhecimento tais como a arte literária, as artes plásticas, a filosofia da percepção e a fisiologia do olhar e do compreender. As categorias geográficas de lugar, paisagem e território constituem intermediações possíveis entre a imagem e o espaço real. Mas o corpo insere-se nos lugares, esquadrinha os territórios, compara paisagens, tece a realidade vivida. A análise geográfica é contaminada pelo estar-no-mundo. A ciência das coisas concretas, segundo o paradigma da geografia moderna, deixa-se invadir por processos externos: categorias que ultrapassam as fronteiras disciplinares, conforme Milton Santos e Cássio Hissa; meta categorias.
Tais processos externos atravessam lugares, paisagens, territórios e imprimem neles temporalidades e significados móveis. Toda imagem é discurso, pois é o mundo praticado, a práxis do sujeito no mundo. As imagens são sempre pontos de vista, fragmentos de um todo que não existe independente de nós. A ciência geográfica é também uma geografia do corpo: o corpo produz conhecimento espacial.
“Pode-se dizer que a construção do discurso geográfico antecede o histórico (como discurso) e que é nesse” jogo entre o real e a criação do simbólico (linguagem) que o processo de sistematização se constitui enquanto a geografia” (SANTOS, D. 2002, p.24).
Como Douglas Santos aponta, a ela dependeu, desde as suas origens, de recursos comunicacionais de leitura e descrição do território, inicialmente baseados no texto discursivo (relato) e no desenho dos mapas (cartografia). Com o desenvolvimento de novos olhares lançados a paisagens sucessivamente transformadas, esses recursos foram se tornando mais complexos. Os relatos, os desenhos e as pinturas; mais tarde a fotografia e o cinema; e por último o vídeo e a computação gráfica constituem instrumentos de tradução do espaço, da prática do jogo entre o real e o seu significado. Por outro lado, a cartografia, técnica indispensável ao trabalho de síntese espacial, usualmente não toma “como objeto de investigação, e mesmo da síntese”.
2- Informações Gerais
O principal objetivo desta pesquisa consiste no estudo, desenvolvimento e aplicação de um conjunto de procedimentos metodológicos introdutórios para leitura e percepção da paisagem geográfica, direcionados ao ensino fundamental. Trata-se de uma proposta de articulação de conteúdos de Arte e Geografia baseada na noção de paisagem como texto não-verbal, cuja organização dos procedimentos de leitura recorre a subsídios da semiótica. Os conteúdos de Arte explorados nesta tese buscam identificar as transformações da noção polissêmica de paisagem, concentrando-se no abstracionismo informal um processo alternativo de percepção estética da paisagem. Os conteúdos de Geografia alinham-se principalmente com as pesquisas recentes da Geografia Cultural, que após receberem múltiplas contribuições e influências, tais como da Antropologia, da História, da Filosofia fenomenológica e existencialista, concebe a paisagem como texto e como marca e matriz cultural, principais. A capacidade de percepção e apreensão da paisagem geográfica, bem como sobre as manifestações artísticas, além dessa estratégia representar um aumento no entusiasmo e despertar o interesse dos alunos para o processo de construção do conhecimento.
3- Público Alvo
Educadores, professores, alunos, e demais profissionais que atuam ou desejam atuar no contexto da Educação.
4- JUSTIFICATIVA
O projeto traz por tema Arte na Geografia, faz com que o aluno interage a Geografia com a Arte, excluindo o tabu que há entre artes e geografia, resultando em uma aula interdisciplinar e de grande aprimoramento cultural e territorial.
Nesse contexto de proximidade radical dos lugares, quais as interfaces possíveis entre as esferas da arte e da geografia? O espaço como realidade da experiência do corpo – e não como metáfora ou representação – fez-se presente nas artes plásticas desde o minimalismo norte-americano dos anos de 1960; a partir daí, as suas sucessivas abordagens – instalações, arte ecológica, arte urbana, – ampliam a noção do espaço concebido, percebido e vivido. Para além da contaminação na geografia VIII por parte das artes pictóricas e literárias, hoje as questões que atormentam tanto a geografia deixaram de basear-se em morfologias.
5-OBJETIVO ESPECIFICO
• Ter por função principal aquisição de conhecimentos necessários à compreensão do mundo em sua complexidade, por meio de diferentes escalas de análises;
• Promover aprendizagem da leitura e da escrita, de obras de artistas plásticos, utilizando dentro da Geografia e da Arte;
• Elaborar questões sobre a obra plástica fazendo com que os alunos aceitam e conheça e a Arte na Geografia, através de diferentes pintores e origem de suas obras.
• Proporcionar atualização aos professores da área do uso de novas metodologias voltadas para práticas inovadoras e eficientes em sala de aula, utilizando eixos ou temas utilizando recursos tecnológicos disponíveis pretende discutir, refletir e vivenciar práticas de avaliação que levem em conta o que se pretende do aluno, em termos de habilidades e competência.
7- Metodologia
Este trabalho foi realizado durante o curso de Artes e a Geografia pode e deve se valer das Artes, pois antes de tudo a comunicação se reflete todo fato social e cultural de uma época, e isto nos permite compreender o sentido das artes e também um encontro consigo dando significado a própria existência. Nas grandes civilizações da antiguidade, especialmente no Egito, Grécia e Roma, a utilização de variadas técnicas (mosaico, pintura, escultura) auxiliou a perpetuar as paredes como autênticos ateliês demonstrativos da cultura desses povos. O passar do tempo aperfeiçoou ainda mais essa arte/forma de comunicação. Não é possível desprezar, por exemplo, os belíssimos painéis nas paredes de prédios públicos, que retratam a história e até mesmo as formas e espaços geográficos.
Nos dias de hoje, com a exponenciação técnica e a criatividade humana explorando cada palmo de terreno possível para a produção artística (desde o espaço virtual até a pintura no próprio corpo humano), ocorre o resgate da arte nas paredes, num autêntico "revival" da pintura rupestre, consolidando-se o grafitismo como linguagem artística urbana.
Mas, como podemos transpor essa produção artística para o ambiente educacional? As possibilidades de utilização do grafitismo ou da pintura em paredes/murais restringem a educação ao estudo da arte? Como utilizar a Grafite em outras disciplinas, como no estudo da matemática, geografia ou idiomas?
Inicialmente, imagino que alguns professores possam se assustar com a proposta por pensarem que estamos sugerindo que os alunos pintem as paredes externas ou internas das escolas. É claro que essa é uma possibilidade interessante e não deve deixar de ser levada em consideração. Há inclusive, registro de projetos de tal natureza em escolas brasileiras e estrangeiras.
Num caso como esse seria interessante que toda a escola participasse e tivesse espaços destinados a sua produção artística nesses grandes murais encontrados nas paredes brancas e pálidas. Isso, evidentemente, já causaria uma considerável transformação do ambiente insosso e sem graça das escolas brasileiras. Além do mais, o movimento, a energia, a agitação e a própria expectativa causadas levantariam muito o astral de alunos e de toda a comunidade acadêmica.
Mesmo levando-se em conta essa alternativa de trabalho com grafites ou pinturas em grandes murais/paredes, a proposição que trago através desse projeto é mais modesta. Imagino que os painéis possam ser grandes folhas de papel em branco, dessas que utilizamos em flip-charts para dar aulas. Penso que esses espaços são chamamentos à criatividade, pedindo a intervenção de nossos alunos através da arte.
É claro que as propostas de trabalho envolvendo a produção dos grafites/murais temos que, necessariamente, ter uma coordenação, um projeto de ação e realização. Nesse sentido, o planejamento das atividades por parte dos professores é essencial. Notem que me refiro aos educadores no plural. São nesse momento que devem ser levadas em consideração as possibilidades de efetivação de trabalhos interdisciplinares. Podem ser inseridos no contexto de uma produção como essa saberes como a literatura, a história, a geografia, a matemática ou as ciências, com ganhos para todas essas áreas do conhecimento.
Os primeiros aspectos positivos seriam a própria aproximação e interação entre as disciplinas, alunos e professores. Quantos de nós, profissionais da educação, trabalhamos lado a lado com pessoas que poderiam compartilhar experiências, dividir sonhos, implementarem o trabalho em sala de aula e, principalmente, ajudar a melhorar a qualidade da educação no país e nem ao menos os conhecemos direito. A experiência compartilhada ajudaria também a aprender, de forma mais lúdica e divertida, um pouco mais de conteúdos com os quais temos pouco ou nenhum contato. Imaginem então o que isso representaria para os estudantes.
Entretanto, é importante salientar que não é possível realizar tal trabalho sem planejamento e organização que orientem a ação tanto dos alunos quanto dos próprios professores envolvidos. Nesse sentido, devem ser estipulados aspectos essenciais do projeto, como materiais para a composição dos painéis (tintas, papéis recortados para simular mosaicos, colagens, canetas coloridas, lápis de cor, giz de cera), temas trabalhados (história, geografia, cultura, arquitetura, ciências), grupos responsáveis pelas produções, tempo destinado ao trabalho, formas e locais de exposição, entre outros. Perpetuar a história, reviver momentos de glória, lamentar as dores e derrotas, explicar idéias, demonstrar sentimentos, relatar o cotidiano e tantas outras possibilidades revelam-se através da arte. Antecedendo a produção dos estudantes seria interessante que as aulas de artes abordassem as produções similares ao grafitismo produzidas ao longo da história pela humanidade. Paralelamente, as aulas de história poderiam explicar aspectos de suas temáticas utilizando as produções em painéis/paredes pelos artistas de cada época/civilização.
Complementando o trabalho de artes e história, a apresentação de mapas em geografia, projetos arquitetônicos em matemática, simulações em física ou química, aspectos do corpo humano em biologia ou imagens da fauna ou da flora produzidas por naturalistas europeus que vieram às Américas durante o período colonial poderiam municiar as aulas e motivar o surgimento da arte a ser produzida pelos próprios estudantes. A utilização das imagens não exclui, é claro, a utilização das palavras a expressar idéias e sentimentos. Na realidade, o que se espera é que as palavras de grandes escritores, filósofos, cientistas, poetas, artistas, cineastas, políticos, educadores ou dos próprios alunos componham (ou não, dependendo da orientação do projeto) juntamente com as imagens, um quadro mais claro da proposta de trabalho.
O mais importante nesse projeto é criar canais que possibilitem ao estudante representar idéias aprendidas e estudadas. Ao dar-lhes uma voz diferenciada, utilizando a arte como expoente de seus pensamentos e saberes aprendidos, estão permitindo que esses estudantes saibam mais, aprendam de forma mais prazerosa e sejam melhores compreendidos. Justamente como fazem os historiadores, arqueólogos e antropólogos quando examinam as produções dos povos antigos. E é justamente a questão da humanização o eixo da discussão entre Geografia, Arte e Educação, pois envolve o arcabouço cultural e a reflexão do homem frente às ações em diferentes tempos e espaços. A Arte enquanto representação do espaço que a sociedade humana criou e continua re-criando na construção e transformação constante desse espaço. Porém, a leitura da Arte é muito particular cumprindo o seu papel de construção da realidade. A produção de arte exige conhecimento que vai além das técnicas e escolas utilizadas, mas de todo um conhecimento acumulado e sentido para se tornar uma representação simbólica da realidade visto que esta é a gênese da criação artística. Pesquisadores, tendo como suporte teórico autores que trabalham com teoria da atividade (LEONTIEV) ou com pressupostos teóricos de VYGOTSKY, ROUSSEAU e PIAGET, aplicam determinadas atividades dentro da sala de aula e propõem esse caminho metodológico como forma de solução de aprendizagem de determinados conceitos, como lateralidade, território, região, entre outros7.
No entanto, questões relacionadas ao próprio conteúdo da geografia, como a necessidade de se abordar em sala de aula a relação entre natureza e sociedade, ou seja, a união entre o conhecimento da arte, relação essa essencial nessa ciência, ficam sem ser resolvidas. Nessas propostas, o trabalho já é apresentado pronto ao professor, cabendo a ele apenas aplicar a atividade.
Entendemos que o trabalho com essa metodologia permitirá uma grande reflexão relacionada tanto as práticas e atuações específicas dos professores quanto em se pensar nas artes e no espaço geográfico. Por fim, acreditamos que a pesquisa permitirá entender como ocorre o processo de estruturação de um conteúdo e currículo escolar a partir dos valores e questionamentos que os professores e alunos das escolas envolvidas possuem base da metodologia em questão.
8- Recursos
Em geografia, como em outras disciplinas, muitos conteúdos conceituais demandam o domínio de certas habilidades. Por exemplo: relacionar os conteúdos conceituais com os conteúdos procedimentais pode melhor direcionar os recursos educacionais que funcionarão de acordo com o planejamento do professor. Isso significa que os materiais curriculares para a elaboração de um mapa, por exemplo, deve oferecer exercícios concretos, de certo modo repetitivos, com atividades bem seqüenciadas, como sugere Zabala. O suporte pode ser o papel, as fichas ou blocos de cálculo (papel milimetrado, papel vegetal...).
Para conteúdos que são decorrentes de movimentos no tempo e no espaço é importante a utilização de filmes ou gravações de vídeo. É preciso tomar cuidado para não substituir a aula por um documentário, filme ou outro suporte que evidencia a imagem em movimento para propiciar a construção de conhecimento. O recurso educacional que tem na imagem em movimento o seu foco pode ser um documentário, que nem sempre foi produzido para servir de exposição de algum tema no nível de ensino previsto. Sendo assim, é fundamental que o professor selecione as partes e faça um diálogo com a exposição, parando, colocando questões e ouvindo os comentários dos alunos.
9- AVALIAÇÃO
Os valores dos estudantes e dos professores estão implicados em todas as tentativas de juízos sobre a consecução da aprendizagem. As abordagens existentes parecem oferecer um consenso que não existe nessas questões e uma confiança não merecida nos métodos ‘objetivos' e ‘científicos'. Nós podemos abordar a avaliação que reconheça diferentes valores. As artes utilizam formas de conhecimento baseadas na intuição e nos sentimentos. Não vemos aí a sua fraqueza, mas sim, a sua força. Qualquer tentativa de tornar as artes registáveis através de números (accountable) utilizando formas de avaliação que a elas não se adaptem e aparecerá como uma tentativa incorreta de provar a sua validade. Este perigo é particularmente nefasto na área dos exames. O objeto de avaliação é, por vezes, definido em termos vagos, no entanto é essencial partir de uma definição clara do tipo de capacidades que se pretendem avaliar: competências, habilidades, conhecimentos.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICA
FURTADO, Celso - Formação Econômica do Brasil - Fundo de
projeto, plano de aula, análise de Plano de Ensino.
ALVAREZ, I., et al, Experiências de aprendizajem orientado a la solución de problemas com soporte tecnológico. 3er. Congrés Internacional de Docência Universitária i Innovació. Girona. Espana, 2004. Extraído do site: www.campus-oei.org/ revista/experiencias89.htm
PROFESSORA
ALCEJANE DE SOUZA CARNEIRO
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